24.4.06

O DESCONHECIDO PRESENTE (17.08.00)

Ainda julguei que fosse sonho,
Imaginação fértil, característica minha,
Mas não. Apercebi-me neste instante.
Acompanha-me como uma sombra,
Envolve-me no escuro…
De noite, sinto sua respiração
Sobre as pernas, as nádegas, as costas...

Sussurra-me palavras sem sentido,
Aparentemente soltas e sem nexo.
Não sei quê ou quem é e estou
Demasiado apavorada para conseguir perceber.
Que quer, desconheço;
Porque me escolheu, ignoro.
Quem me dera que fosse obra da imaginação;
Com ela saberia lidar...

Tudo está calmo lá fora;
Dentro de casa, estremeço.
Mal abro a porta e saio,
O vento uiva e folhas esvoaçam;
Fustigam-me como se me avisassem:
"Volta para a tua prisão!"

É inútil afirmar que tenho medo;
Todas as minhas palavras o mostram.
Mostram quão criança ou cobarde sou.
Não, criança não. Elas não são cobardes,
Apenas têm medo do desconhecido.
Eu sou cobarde. Estou apavorada, pois
O desconhecido que me persegue conhece-me
E eu nem sua feição vislumbro...

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