24.4.06

ANJO À DERIVA (15.08.00)

Não estou só…
As paredes ganharam vida;
Agora, têm olhos, ouvidos e língua.
Observam os meus passos e
Murmuram à minha passagem.
Emudeço de medo;
Estou completa e indefinivelmente
Aterrorizada, atemorizada.
É indescritível o pânico em mim;
Meu peito é um cofre que guarda
Memórias, terrores e mudez.
Minha boca abre-se, mas a garganta contrai.
Meus olhos atentam, mas nada distinguem.
Apenas ouço e nego-o;
Nego que esteja a ser ameaçada,
Nego que ouça rituais inteligíveis.
Estou a sofrer um massacre,
Um verdadeiro e sanguinário massacre.
Quero negar o que vivo;
Desejo a protecção que tinha:
Onde está o meu anjo?

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